sábado, 11 de fevereiro de 2017

24º dia de Chachapoyas a Revash 200 km

24º dia
29 de dezembro de 2016

 
Levantei cedo, pois queria visita 3 lugares hoje, a moça das informações turísticas falou que dava pra visitar um lugar por dia e pelas distancias eu não acreditei. Com 200 km rodados eu poderia visitar as 3 que eram: Sarcófagos de Karijia, Fortaleza Kuelap e os Mausoléus Revash.
Do acampamento segui para a estrada da qual eu tinha vindo no dia anterior para acessar a carretera 8C, no inicio uma pista simples asfaltada sem a faixa central, achei que fosse mão única, mas logo veio um carro ao meu encontro. Depois de uns 5 km deixei o asfalto para seguir por uma estrada de chão que sobe a montanha. Logo no início da subida vi que teria que ter muito cuidado, como choveu a noite inteira o chão estava liso e pra piorar eu tinha do meu lado direito um precipício, então fui devagar, andei por uns 10 km até chegar em cima da montanha e já com uma estrada um pouco melhor eu rodei mais 15 km até chegar perto dos Sarcófagos de Karijia. Deixei a moto em uma estradinha que cortava uma plantação e continuei a pé pela estrada cheia de lama e merda de vaca, tinha um quilômetro para descer e um desnível de 200 metros.
Os sarcófagos de Karijia são da cultura Chachapoyas e foram encontrados em 1985 em uma encosta rochosa a 24 metros de altura em uma parede vertical. Os sarcófagos contém múmias que foram depositadas sentadas e junto a elas cerâmicas e alguns tipos de cereais. Eram 7 sarcófagos, mas um deles caiu em um terremoto em 1928. Eles eram unidos lateralmente e ao cair o sarcófago deixou uma abertura em seus vizinhos, pelo qual os arqueólogos puderam estudar o conteúdo sem precisar abrir eles e também fazer a datação. Desde o estudo eles permanecem intactos e a datação determinou que eles estão ali desde o ano 1460 d.C.
No local também existem ossos de outros corpos, do qual não encontrei informações, provavelmente bem mais recente que os sarcófagos. Visita feita era hora de voltar, eram 10 horas da manhã e sol junto com a umidade deixavam o lugar muito quente, tinha que subir dos 2.820 metros de altitude até os 3.000 metros, onde tinha deixado a moto, por uma trilha cheia de degraus e depois a estrada cheia de estrume. Fui subindo e parando para descansar, o que levei 15 minutos para descer levei quase uma hora para subir.





 
Cheguei na moto e quando estava chegando na vila que dá acesso ao sítio um moça no meio da rua me fazia sinal para parar e disse que eu tinha que fazer o registro e pagar 5 soles pela visita. Como passei por lá antes das 9 ela não estava lá. Paguei e segui para a fortaleza de Kuelap. No caminho de volta peguei uma estrada errada e achei um caminho muito melhor do que o que usei para chegar e ainda mais perto em 6 km e que não foi indicado pela atendente em Chachapoyas.
Voltei ao asfalto e segui pela estradinha de uma via só que segue o rio Utcubamba em um serpenteado que torna a condução ao gostosa, pois são infinitas curva, e perigosa, pois se errar em uma curva é certo q queda no rio que em alguns lugares esta a mais de 10 metros do nível da rua e não tem qualquer tipo de proteção. Segui por esta estrada até o meio dia e parei para almoçar em um restaurante a 30 km da fortaleza. Me informei ali sobre o melhor caminho a tomar e me deram duas opções: Ir por uma estrada boa por um percurso de 35 km que é a via de quase todos que vão até lá ou seguir por outra estrada pouco conhecida e em piores condições com 11 km de extensão. Qual eu escolhi? Certamente a menos utilizada, além de mais perto mais aventura. Segui então até uma vila onde peguei uma estradinha de chão que sobe a montanha, inicialmente uma estrada boa e nos últimos 4 km era uma estrada recém aberta e pouco movimentada, fazia dias que ninguém passava por ela, não tinha marcas de carro no chão, no último km apenas a máquina que abriu a estrada tinha passado. A estrada acabou no meio de um pasto e eu podia ver logo acima a fortaleza, uns 1000 metros dali morro acima. Deixei a moto e fui subindo pelo meio do pasto até chegar a um hostel e em mais 10 minutos eu cheguei na fortaleza. Ao chegar na entrada me foi pedido o ingresso que eu deveria ter comprado na entrada certa para a fortaleza. Expliquei que não tinha entrado pelo lugar convencional e que descer lá pra comprar ia ser muito cansativo, a altitude de 3000 metros já torna as subidas mais sofridas. Ele então pediu pelo rádio um ingresso que consegui pela metade do preço com minha carteirinha da faculdade e que eu deveria pegar na saída. Já eram 16:30 horas e a fortaleza fecharia as 17. Entrei e ao localizar um grupo com guia comecei a seguir com certa distancia para poder ouvir o que o cara contava sobre o lugar.
A fortaleza da cultura Chachapoya começou a ser construída no seculo XI e seu abandono se deu após a chegada dos espanhóis na metade do século XVI. Com 600 metros de comprimento por 100 de largura e com muralhas que em alguns pontos chegam a 19 metros de altura, serviu como centro religioso, administrativo e de moradia. A fortaleza tem construções feitas em pedra e em sua maioria de forma circular, sendo que tem algumas construções retangulares que evidenciam a presença Inca provavelmente no final do século XV. A fortaleza tinha 3 entradas e todas elas são estreita de forma a permitir apenas uma pessoa por vez, dificultando a entrada em caso de ataques. Em seu interior existem mais de 500 construções circulares divididas em dois níveis que mostra que a cidade tinha uma divisão social, onde o nível mais alto era reservado à alta sociedade e onde também estão localizadas as áreas religiosas da fortaleza. Diferentemente de Machu Picchu este sítio permanece com as árvores e nelas muitas espécies de bromélias, pouca coisa foi restaurada, apenas abertas trilhas entre as ruínas e instaladas placas orientativas.
Se eu fosse discorrer sobre toda a história desta fortaleza certamente teria muito texto aqui, mas certamente o farei no livro.


Lugar onde deixei a moto.

Abaixo uma sequência de fotos da Fortaleza Kuelap.

























 

 
Após a visita parei nas barraquinhas de lembranças, comprei algumas e parei em uma barraquinha que vende comidas típicas, comi algumas coisas alí: Batata doce frita, tipo Ruffles, Batata doce assada, batata recheada com ovo e um tipo de massa de trigo frita.

Entopiu de barro.

Monolíto as margens da ruta 8C.
 
Voltei para a moto e desci toda aquela estrada que em função de uma chuva que caiu enquanto eu estava na fortaleza deixou a estrada lisa e exigia que pilotasse com muito cuidado. Cheguei no asfalto já perto da noite, mas segui até Yerba Buena, entrei onde indicava o caminho para Revash sabendo que teria que acampar em algum lugar no escuro, pois teria que sair da parte povoada para isso, fui subindo uma estradinha de chão pela montanha e uma meia hora depois de já estar escuro eu vi uma placa indicando a entrada para Revash, uma estradinha já com grama em parte dela e que era apenas caminho de pessoas e animais. Resolvi acampar ali, à vista de todos que passavam pela outra estrada. Como eu estava no interior, uns 15 km da cidade mais próxima não me preocupei com segurança, afinal de contas não deve ter muita gente ruim morando no interior. Montei a barraca com garoa e durante a noite toda intercalou entre garoa e chuva. 


Ao amanhecer.
 
Quilometragem do dia: 200 km
Quilometragem acumulada: 8095 km

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