segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

12º dia de Geiser Puchuldiza-Chi a Los Palos-Per 350 km

12º dia
18 de dezembro de 2016

Trajeto do dia.

Depois de uma boa noite de sono em um lugar pra lá de sinistro voltei pra estrada. Tinha mais de 200 km de estradas de chão para percorrer e um banho em uma fonte termal para restabelecer minhas forças perdidas nestes dias de muito off-road por desertos e salares.



Mais um tombinho.

Inicialmente a estrada era bem firme dava pra manter 80 km/h, mas depois de mudar de estrada a coisa mudou passou a ser uma estrada de areia intercalada com partes com pedras soltas e sem sinalização que tornava a decisão de por qual caminho seguir uma questão de sorte acertar. Neste trecho comprei mais um terreno em uma bolsa de areia. Eu tinha saído do acampamento perto das 7 da manhã e pelas 9 eu chegava na divisa com a Bolívia, eu teria que andar uns 5 km dentro da Bolívia para então voltar ao Chile. Nesta região não tem aduana, ao chegar na fronteira eu ainda não tinha certeza de que ali era a fronteira, então parei pra perguntar à um grupo de umas 10 pessoas que estavam sentados lá no deserto, longe de tudo não sei o que faziam lá. Era muito frio ainda, tinham lagos com água congelada pelo caminho. Ao para a moto para perguntar se eu estava no caminho certo percebi que um dos caras estava com uma metralhadora, o cara não estava uniformizado, gelei na hora, perguntei sobre o salar de Surire e me apontaram uma montanha, disseram que era do outro lado. Segui então por uma estradinha que subia aquela montanha. Estradinha bem ruim com areia, ingrime e a uma altitude de mais de 4.000 metros. Antes de começar a subida passei pelo marco que indica a fronteira. Na subida a moto não teve forças pra subir devido a altitude e inclinação da estrada, tive que ajudar a empurrar, parcelei em 5 trechos e com muito esforço cheguei ao topo a 4.400 metros de altitude.

Divisa Chile/Bolívia



Salar de Surire

Salar de Surire

Do topo era possível avistar todo o salar, que eu imaginava ser maior. Desci sem pressa apreciando a beleza do local. Cheguei à terma de Polloquere no salar de Surire eram 10 da manhã com um frio ainda perto de zero. Li as recomendações da placa que tinha na entrada da terma, onde avisava para não exceder os 15 minutos de banho, lavar-se com água doce imediatamente após sair do banho, pois a água tem sais, enxofre e é sulfurosa com temperatura de 65º C. Quente pra caramba.
Eu estava sozinho no local. Coloquei uma garrafa de água pra esquentar, fiquei de cueca e fui pra água. A sensação é a mesma de quando no verão você põe o chuveiro na posição inverno, inicialmente parece que vai queimar, mas aí você vai relaxando e fica gostoso. O cheiro da água não é nada bom, parece ovo podre por conta do enxofre. Fiquei lá por 15 minutos, ao sair usei os 2 litros de água que tinha deixado esquentando pra tirar a água da terma do meu corpo. Foi interessante como eu não senti frio depois de sair da terma, mesmo estando muito frio, me enxaguei e me vesti sem passar frio. 

Banho na terma.

Após o banho segui margeando o salar até pegar uma estrada que subia uma montanha para seguir para Arica. Passei por algumas vilas e em uma descida bem ingrime com muitas pedras soltas. No meio da montanha aparecem dois pastores alemães quem vem atrás de mim e eu não podia acelerar, me arrepiei inteiro, os cachorros me acompanharam por um trecho, mas interessados na roda dianteira pra minha sorte. 




Abaixo fotos da estrada entre o Salar de Surire e Arica







Em uma parte da estrada, de uns 150 km, nenhum veículo cruzou por mim, uma estrada estreita e com milhões de curvas que passava sobre a borda de um cânion, muito bonita a visão que algumas vezes quase me tirou da estrada por prestar mais atenção à volta da estrada que à ela. 
Cheguei no asfalto da ruta A-35 já passava das 15 horas. Segui então para Arica, abasteci o suficiente pra chegar à Tacna no Peru e segui para a aduana. 

Deixando o Chile

Fiz a saída do Chile e segui para o lado peruano. Fui comprar a guia pra dar entrada na imigração do Peru, esta guia é comprada na lanchonete acima da imigração, a atendente me pediu 700 pesos chilenos, quase 4 reais, ou 2 soles. Eu não tinha nenhuma das moedas, então mostrei 2 reais e ela aceitou, disse que ia guardar de recordação.
Após a aduana segui para fazer o SOAT, seguro tipo carta verde, mas não aceitavam nem dólar, nem real e também não tinha cambistas ali, eu teria que ir até Tacna pra fazer o câmbio e lá contratar o seguro. Já estava pra escurecer quando eu estava a caminho de Tacna, então decidi ir acampar na praia, achei uma ruazinha e segui em direção ao mar, muito areão e o mar parecia nunca chegar, devo ter levado mais de meia hora pra chegar. Ao chegar na praia achei um jeito de entrar na areia e segui rumo norte por uns 5 km até achar um lugar longe da civilização, mesmo assim ainda tinha, era perto de uma lavoura de melancia e ainda tinha gente na roça, mas acampei mesmo assim. Eram trabalhadores não iam vir me fazer algum mal.
Montei a barraca enquanto o sol descia no mar do Pacífico. Uma visão muito linda que sempre sonhava, meus acampamentos anteriores na costa do Pacífico não tinham propiciado um por do sol tão bonito antes.

Hotel de frente para o mar.

Por do sol magnífico.

Quilometragem do dia: 350 km
Quilometragem acumulada: 4450 km