26º dia
Dia 01 de janeiro de 2017
Trajeto do dia
Saí do hotel as 8 horas e mesmo sabendo que o acesso as Ventanillas de Otuzco estaria fechado eu fui até lá. Ficava a 15 km de onde eu estava. Passei por Banhos del Inca novamente e segui por uma estradinha de lama até chegar a estrada de acesso as ventanillas. Não pude entrar no sítio, mas pude ver da rua, não podia ir embora sem ir lá ver.
As Ventanillas de Otuzco são um cemitério da cultura Cajamarca que habitou a região entre os séculos III e VIII e estão a 2.850 metros de altitude. Seus mortos eram depositados nestas "janelas", algumas com até 10 metros de profundidade e outras interligadas. Os mortos eram primeiro enterrados na terra e posteriormente depositados neste local, servindo como um ossário e possivel lugar de veneração dos mortos.
Chovia ainda e segui para tentar chegar ao Canion del Pato ainda naquele dia. Em meu roteiro tinha uns 120 km de estradas de chão para passar e a chuva possivelmente dificultaria o meu progresso neste tipo de terreno.
Ventanillas de Otuzco
Continuei
então pela ruta 3N por um caminho agora não tão sinuoso eu podia manter
uma velocidade um pouco maior, uma vez que p visual desta região já não é
assim tão bonito. Perto das 15 horas eu estava na laguna Suasacocha,
tinha uma grande festividade lá e muitas pessoas pela rua, também muita
gente "emborrachada" (bebada), passei devagar olhando, mas não parei.
Segui para Huamachuco, onde teriam 2 sítios para visitar, eram eles
Markahuamachuco eWiracochapampa. Chegando lá me informei na delegacia
como chegar em Wiracochapampa, que era mais perto, e então segui pra lá.
Cheguei lá já passava das 16 horas, estacionei a moto e o guarda que
controla a entrada de pessoas lá veio a meu encontro para saber de onde
eu vinha, expliquei de onde vinha e ele se ofereceu para me guiar sem
custo algum pelas ruínas. Aceitei e seguimos, ele um grande apreciador
da história do povo dele me mostrou cada um dos lugares das ruínas
explicando a funcionalidade e detalhes construtivos. Percebia-se que ele
contava tudo aquilo com muito prazer e orgulho. Me senti privilegiado
por ter ele como guia, uma vez que não era a função dele. Andamos por
quase uma hora pelo sítio, que tinha poucos visitantes.
Wiracochapampa
foi um centro adminstrativo da cultura Huari e foi construído sob
planejamento de arquitetos que levaram em conta o local sofrer com
chuvas intensas durante o verão e desenvolveram sistemas de drenagem que
ainda hoje funcionam, considerando que foi construída entre os séculos
VII e VIII. A construição mede 583x566 metros, cercada com muros que
tinha 5 metros de altura e em seu interior vários edifícios, foi uma
sede governamental e sacerdotal onde viviam com seus servidores e
trabalhadores e a população vivia aos arredores nos campos e pequenas
vilas. O local foi ocupado até o século XV, em ocupações esporádicas e
também mostra traços da ocupação Inca.
Laguna Sausacocha
Abaixo fotos de Wiracochapampa
Já passava das 17 quando saí de Wiracochapampa e não iria ficar mais um dia pra ir até Markawuamachuco, fui pra estrada pra rodar até onde desse e chegar o mais perto possível do canion. Huamachuco já estava a 3.000 metros de altitude e eu ainda teria que cruzar uma cordilheira. Fui subindo e começou a garoar novamente e o frio a aumentar, meu único problema era com as mãos, minhas luvas não são impermeáveis nem muito boas para o frio. No top da cordilheira começou uma neve ralinha e o sol já se recolhia, neste momento comecei a me preocupar, eu não tinha as calças que tinha perdido e acampar naquela altitude e com aquele frio não ia ser possível decidi tocar até chegar a uma altitude e temperatura melhor. Cheguei em Shorey eram umas 20 horas, parei em uma delegacia para me informar com os policias a respeito do caminho que tinha traçado, a partir dali seria estrada de chão. O policial que me atendeu não conhecia bem a região, então ligou para um colega que conhecia as estradas por onde eu passaria e perguntou qual era o estado destas estradas, fui desaconselhado a seguir por elas e sim descer a cordilheira até Trujillo para então acessar o canion a partir da carretera Panamericana, isto acrecentaria uns 200 km, porém de asfalto o que em tempo não acrescentaria. Voltei então para a estrada, era apenas seguir em frente para chegar em Trujillo. Andei uns 50 km procurando lugar pra acampar e no escuro, não achava nada legal até achar uma ruazinha que ia para um montanha, entrei nela e vi que ninguem passava por ela a tempos, achei um lugar plano e montei a barraca lá mesmo. Estava a 3.300 metros de altitude e já não estava tão frio.
Esta cara estava em uma montanha perto de uma cidade que não lembro o nome.
No alto da cordilheira com chuva e frio. Foi osso.
Local do camping pela manhã.
Quilometragem do dia: 270 km
Quilometragem acumulada: 8625 km
Quilometragem acumulada: 8625 km
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