Decimo terceiro dia de viagem
17/12/2017 De Cerro Gigante a Villoco
Pela manhã fazia -4 graus e chovia leve, fiquei no saco de
dormir até umas 10 da manhã esperando a chuva passar e nada de ela passar.
Decidi então levantar e consertar o colchão inflável que tinha furado por ter
ficado sovando no baú e lá pelas 11 horas a chuva parou, mas nada de ver o sol
sobre a laguna e muito menos o glaciar.
Neste dia a moto ligou, mas ficou falhando um monte e saindo
fumaça preta, estava dando excesso de combustível, talvez por ter decantado
alguma coisa que estava misturada no combustível, deixei ligada por um tempo
até que estabilizou e depois de tudo guardado pude sair.
Desci da montanha e fui seguindo pela estrada até passar por
umas lagunas aos pés do Cerro Gigante na cordilheira Quimsa Cruz e segui para o
abra de montanha mais alto que eu tinha passado até então a 5.145 metros, o
abra Quimsa Cruz.
Passo da cordilheira Quinza Cruz
Lá eu fui procurar a cachaça que o Alexandre J. Vicente tinha
deixado quando buscou a placa do Rigon Roch, mas não estava mais lá, em
compensação do outro lado da estrada tinham 2 garrafas de cerveja Paceña, duas
long neck e um latinha também de Paceña, deixei lá, mas uma garrafa de cachaça
com 96% de álcool eu peguei, vai que falta gasolina uma hora. Fiquei um tempo
lá de descansando e comendo uns chocolate e mangas e logo começou uma neve
fininha e uma neblina veio do lado norte. Coloquei a capa de chuva e comecei a
descer e logo comecei a ver mais uma grande laguna aos pés de outro cerro nevado,
que em virtude do mal tempo se via apenas o inicio do glaciar. Cheguei em
Viloco, uma cidadezinha mineira onde é extraído estanho, cobre e prata, muito confusa
e demorei um pouco para conseguir sair da cidade. Lá procurei um lugar para
trocar os pneus, pois estava frio e eu estava com preguiça de trocar, não
encontrei ninguém para fazer o serviço. De Viloco saí por uma estrada já
desativada, utilizada apenas por mineiros, tem até mato no meio da estrada e
não é mais feita manutenção. Passando por um local onde haviam mineiros parei
pra ver o que eles mineravam e era o mesmo que em Viloco, me perguntaram para
onde eu ia e falei que ia para La Paz por estradas secundárias, eles então me
desejara um “bom Dakar”, pois as estradas não seriam boas e era um verdadeiro
rallye.
Cordilheira Illimani ao fundo.
Segui até o fim da tarde me guiando pelos pontos no GPS
sempre passando perto de cerros nevados e vendo apenas o início dos glaciares e
ao final da tarde em um Pueblo parei para abastecer e segui, mas no caminho
errado, pois eu deveria ter pego a esquerda e segui em frente por uns 10 km até
perceber o erro e também que o pneu traseiro estava vazando.
Antes de retornar
parei e fui encher o pneu com uma bomba manual e o vento derrubou a moto,
ralando o baú traseiro, terminei de encher o pneu com ela deitada mesmo e
voltei para pegar o caminho certo, cheguei no cruzamento onde voltei para o
caminho e ao lado de uma ponte, já no escuro achei um lugar para acampar.
Montei no escuro mesmo em um bom lugar e
só me joguei pra dentro da barraca e dormi, foi um dia cansativo e estressante por
saber que estava passando ao lado daqueles cerros nevados e não poder ver, mas
em partes eu já sabia que aconteceria isso, pois dezembro é época de chuvas e o
teto fica baixo, logo não se vê sempre a montanha inteira limpa como no dia
anterior.
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