Décimo nono dia
23/12/2017 De El Alto a Peñas
Acordei eram quase 8 horas, fiquei lá
fora olhando as montanhas por um tempo e logo depois chega a pessoa responsável
pela mineração lá, um senhor de uns 45 anos com sua família, eles são de uma
cooperativa mineira que cede lugares em montanhas para que elas possam minerar.
Perguntei sobre o que era possível um mineiro ganhar e ele falou que poderia
chegar 1000 dolares por semana e que mineravam estanho e prata alí, tudo na
base da picareta ainda.
Enquanto desmontava minha barraca ele
veio com um pão com ovo e um copo de café e enquanto eu comia os filhos dele
ficavam tirando fotos com a moto. Eles subiram o cerro para minerar, crianças e
mulheres também e eu fui ligar a moto para descer, mas não tinha bateria. Eu
tinha deixado um inversor ligado na noite anterior e descarregou a bateria, fiz
uma força pra empurrar a moto até o desnível para poder ligar ela no tranco e
esta força me fez ir pro “mato” por causa da diarreia.
A moto ligou no tranco e foi falhando
morro abaixo até o motor esquentar e na descida ainda tive que ir para o “mato”
mais duas vezes. Quando cheguei em El Alto procurei uma farmácia para comprar
outro remédio para diarreia, pois o que eu tinha levado não estava funcionando,
já tinha até me dado febre na noite anterior e eu já estava ficando preocupado.
Comprei o remédio e já tomei.
Fui no borracheiro para colocar a
vacina nos pneus, já que eu não tinha mais câmara traseira reserva e depois fui
comer um Pollo Broaster, frango assado com fritas e arroz.
Saindo da cidade parei em dois postos
e foi negado abastecimento por não terem como fazer a nota internacional,
mentira deles e nem sem nota queriam fazer. No terceiro a mulher abastecia, mas
só com nota e no preço para turista, mandei encher e ela encheu até cair fora
da boca do tanque, faltava um pouquinho pra arredondar e ela vendo que estava
cheio ainda colocou mais, que é claro caiu tudo no chão e em cima do banco,
pedi um pano para limpar e ela disse que não tinha, me olhando com uma cara de:
“Se fode turista trouxa!” Deu pra ver prazer na cara dela e certamente ela viu
a raiva na minha.
Fui então para o primeiro destino que
era a represa Tuni que fica a mais de 4400 metros de altitude, um bonito lago
verde aos pés de um nevado que não se podia ver por conta das nuvens, tirei
algumas fotos lá e olhei no GPS os próximos pontos e resolvi ir, era uma
estrada que passava ao lado do Nevado Condoriri e chegaria aos 5000 metros no
abra, ponto mais alto.
Chegando na estrada vai para o nevado
já fui procurando um lugar para acampar, pois sabia que poderia precisar na
volta caso não achasse nada lá para cima. Cheguei na primeira laguna, que é gigante, deve ter mais de 2 km de
extensão com montanhas nevadas ao longo dela. Acima dela tem outras duas
lagunas. A do meio é menor que a primeira, mas é de um verde ou azul, sei lá,
muito bonito e a estrada vai cortando a montanha a uns 100 metros de altura em
relação a laguna.
Continuando subindo cheguei a terceira laguna, que é a menor
e de águas da cor da segunda, cheguei até 4718 metros e vi que a Biz não iria
subir até o abra e também que ele estava encoberto por nuvens, desisti e
resolvi voltar e acampar lá embaixo, pois ventava bastante perto das lagunas. A
reserva já estava piscando quando eu subi, por algum motivo a gasolina do
tanque reserva não estava indo para o principal, então eu descia na “banguela”
sempre que possível, mas na metade da primeira laguna, a maior, a moto começou
a falhar e eu tive que tirar gasolina do tanque reserva para por no principal
no escuro. Continuei descendo no escuro e fui ver um lugar que eu achava que
daria pra acampar e era um bom lugar. Montei a barraca e fui pra cama cansado
por conta da diarreia e das estradas.
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