Acordei 7:20 h para arrumar tudo até as 8 e fazer a
imigração e seguir para o passo Huaitiquina. Após feitos os tramites, que foram
rápidos, perguntei a um guarda sobre o passo e ele falou que era um passo
desabilitado, que as estradas não tinham manutenção e que seria perigoso. Isso
seria o suficiente para a maioria desistir, mas como eu já tinha estudado por
fotos de satélite eu decidi que iria encarar mesmo assim.
Nem todos terminam a viagem.
Segui até a antiga aduana Chilena e de lá virei para a
estrada que dava acesso ao passo. Inicialmente estava tudo normal, estrada até
bem cuidada, cheguei até 4800 metros de altitude e então começou uma descida
forte e com bolsas de areia em algumas partes, pensei comigo: Se eu tiver que
voltar acho que não vai subir aqui.
Iniciando a subida para o passo Huaitiquina
Cheguei então às planícies desérticas, rodei uns 20 km até um trevo que tinham algumas
placas tão antigas que algumas mal podia-se ler o que estava escrito, mas era a
indicação do passo, segui por mais uns 15 km e cheguei ao salar Águas
Calientes, onde eu achava que teria um fonte termal e não tinha.
Tinham uns lugares difícies.
Cruzamento do passo Huaitiquina com a estrada que leva para o Sico.
A estrada em partes era boa e outras partes fazia lembrar a
reserva Eduardo Avaroa na Bolívia de tanta areia. Em uma subida encontrei uns
penitentes, formações de gelo desgastadas pelo vento, no meio da estrada após
descer este morro e andar por mais uma reta grande eu pude ver uma estrada
passando sobre outro morro, estrada com uma inclinação bem forte e que eu sabia
que não iria conseguir subir. Cheguei nesta subida e fui até onde o motor
levou, 4400 metros de altitude, muita areia na estrada e nem empurrando
conseguia avançar. Voltei até uma parte plana e fui trocar o pinhão e coroa pra
ver se conseguiria subir. Ao tentar trocar a coroa com o jogo de chaves
originais, de tão apertados que estavam os parafusos a chave abriu a boa.
Deixei quieto a coroa e fui então trocar pinhão e tirar o filtro. Uma vez feito
as alterações voltei a tentar subir o morro e passei poucos metros de onde
tinha chegado antes.
Salar Águas Calientes
Não teve jeito, voltar era a solução, umas quase 3 horas e
tentar subir aquele morro ou pedir socorro pelo spot caso não conseguisse.
Cheguei no morro e nos 4600 metros de altitude a moto parou, tinha bastante
areia na estrada, desci e ajudei a
empurrar, foi sofrido mas consegui vencer aquela parte com bastante areia e
então pude subir na moto e terminar de subir a montanha até chegar nos 4800
metros novamente e explodi de felicidades por ter conseguido voltar sem ter que
pedir ajuda, até porque esperar alguém passar por lá não era opção, nas quase 7
horas que fiquei naquelas estradas não vi ninguém.
Penitentes no meio da estrada
Salar Águas Calientes
Voltei então para o passo Sico já sem saber se teria
gasolina para chegar em San Pedro de Atacama. Rodei até quase o sol se por e
achei um lugar para acampar atrás de uns montes de pedra e areia de um canteiro
de obras da rodovia. Estava a 4400 metros de altitude e a noite foi fria, pelo
termômetro do celular marcou -4 graus, não passei frio, usei a segunda pele e o
macacão que a mãe fez com uma manta.
Laguna Tuyajto
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